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Dixit: Um jogo de tabuleiro… mas não qualquer um.

Um joguinho chamado “Dixit” e aquilo que tentam nos dizer

Tem um jogo do qual eu gosto muito. O nome dele é “Dixit”. Na verdade, sempre fui encantada por jogos de tabuleiros… seja pela conexão que se cria com outras pessoas enquanto jogamos, seja pela maneira por meio da qual imaginamos uma vida diferente… e momentaneamente até acreditamos que ela exista. Ou talvez seja pelo “passatempo” mesmo.

Há poucos anos, conheci um jogo chamado “Dixit”, cujo próprio nome já evidencia uma certa profundidade. Em tradução livre do latim, seria algo como “Ele(a) disse”. É uma alusão à expressão “Magister Dixit“, que seria usada quando alguém quer apresentar um argumento tido como uma verdade inquestionável, como se fosse “o Mestre disse”! Ou seja, não se deve refutar aquilo que foi dito por alguém com notório saber. Vamos deixar a discussão sobre as “coisas irrefutáveis” que tomamos como verdades para um outro post e voltar à janelinha do jogo.

Não vou me ater às regras da parte do jogo de tabuleiro, pois para mim são o que menos importam na experiência de jogar Dixit. Basicamente eu resumiria o jogo em uma série de cartas com ilustrações abstratas mas que explodem de arte. Cada carta traz em seus elementos milhares de possíveis interpretações quanto ao seu conteúdo. Algumas tem seres inanimados, outras tem seres humanos, algumas trazem um monte de colorido, outras, imagens com poucas cores… há cartas que misturam diversos objetos num lugar possível, já outras mesclam tantas coisas que nem sabemos para que ponto devemos dar mais atenção. Enfim, cada carta possui uma espécie de cena e o jogador que tem a posse dela, ao levá-la ao jogo deverá escolher uma frase (uma palavra, uma música…) que traduziria o que ela representa. Mas nem pode ser algo óbvio demais, que todos acertariam, nem algo “nada a ver da rodada”. Ou seja, deve haver a dose certa de desafio para que os jogadores sejam capazes – com bastante sagacidade e observação – de correlacionar a frase à carta.

Amo esse jogo porque cada frase/música/palavra escolhida por determinada pessoa não é feita de modo aleatório. Vai dizer bastante sobre a visão de mundo, os sentimentos, as relações interpessoais, até, daquele amigo. Pessoas atentas conseguem captar coisas muito interessantes em momentos como esse. Afinal, falamos sobre nós o tempo todo, de diversas maneiras, não é mesmo? E num “mero joguinho”, com a guarda mais baixa, somos capazes de dizer bastante sobre o que está dentro de nós.

Ai… e por que devemos ficar querendo saber as coisas que as pessoas pensam, fazendo-as falarem?“. Eu penso de maneira contrária, na maioria das vezes. Penso que são as pessoas que normalmente querem dizer as coisas, porém, nem sempre sabem a melhor forma de fazer isso. Então, jogos assim dão boas oportunidades de podermos falar de uma maneira mais discreta/especial. Acho uma quase ilusão acreditar que as pessoas dizem sobre elas detalhes importantes “sem querer”. Se alguém está falando algo profundo sobre sua personalidade ou algo relevante da vida dela, vale a pena prestar atenção. Pode significar muito mais do que possa parecer.

Nós que somos amigos que nos entendemos

Fato que não vivemos em uma era adepta aos Jogos de Tabuleiro. Pelo menos não na minha bolha. Mas vou tentar inserir sempre que for possível rodadas desse jogo nos meus encontros. Entre espumantes e queijos, ou pizza e refrigerantes, em encontros agendados ou visitas repentinas, que Dixit continue me ajudando a entender melhor a minha cabeça e as dos meus queridinhos.

Amamos o não dito pela forma por meio da qual o coração acelera nas mil possíveis interpretações. Mas o dito também, se feito de maneira inteligente, ecoa na nossa mente e ajuda na conexão. Adoro as frases que saem sem pensarmos muito (ou quando nos colocamos para pensar). Eu, que amo charadas e mensagens elaboradas, acho Dixit um prato cheio para uma tarde divertida com pessoas especiais. 

Fica a sugestão para quem não conhece o jogo. Mas, por favor… escolha bem as pessoas e, então, vá atento e curioso para perceber o coração e a mente dos seus amigos. E, de preferência, esteja disposto a compartilhar as ideias confessáveis que nos tornam tão únicos, mostrando uma visão de mundo que só você pode ter.

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